Me lembro como se fosse ontem...
Estava saindo do karaokê com meus pais e meu irmão... Não tinha mais que nove anos. Fui tentar abrir a porta do carro, mas assim que coloquei a mão na maçaneta, tive uma das epifanias mais intensas da minha vida.
Naquele instante eu sabia que eu era eu mesma, de verdade. Que aquela mão era minha, que meus pensamentos eram só meus.
Não tive mais percepção do tempo, nem do espaço.
Fui tomada pelo sentimento de ter consciência de mim mesma. Já não era mera representação.
Algumas pessoas riem. Mas é porque elas ainda não experenciaram nada parecido.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Nada demais
Um despertador toca. Acordo me sentindo meio zonza, que pena! tenho que sair... Levanto sem roupa da cama.
Abro a geladeira, bebo um pouco de iogurte de morango velho direto da garrafa, escovo meus dentes me olhando no espelho. Depois de uma água no corpo, coloco aquela camiseta branca e a calça do pijama que estava dormindo e saio, arrastando meus chinelos de dedo...
Começo a dirigir meu carro por aquela rua longa, reta, quase desértica.
Olho os cartazes na beira do acostamento. As eleições chegaram: candidatos sorrindo falsamente para a câmera, ao lado de seus números alucinógenos tentando hipnotizar aqueles cansados demais para perceber o truque.
Continuo dirigindo e os cartazes continuam passando velozes ao meu lado - claro, essa é apenas uma das perpectivas.
Me questiono como devo me sentir: começo pensando que a poluição visual é tremenda. Esse pensamento desenrola para a indignação de quanto lixo é produzido por esses malditos cartazes!
Penso que deveria ficar indignada com a política, me mobilizar mais...
Mas depois, quase que de repente, percebo que não importa o que eu sinta.
Essa relação entre as pessoas foi criada e está intrínseca ao indivíduo civil ocidental e a democracia representativa parece saciar a necessidade de interação interpessoal da maior parte dos indivíduos, assim como o emprego, a família ou o hobby.
De onde vem a base dessas interações?
Acho que não posso dividir muitos desses pensamentos... Melhor. Acho que não devo. Ainda não os sei expressar suficientemente para ser compreendida.
E acho que nunca saberei.
Abro a geladeira, bebo um pouco de iogurte de morango velho direto da garrafa, escovo meus dentes me olhando no espelho. Depois de uma água no corpo, coloco aquela camiseta branca e a calça do pijama que estava dormindo e saio, arrastando meus chinelos de dedo...
Começo a dirigir meu carro por aquela rua longa, reta, quase desértica.
Olho os cartazes na beira do acostamento. As eleições chegaram: candidatos sorrindo falsamente para a câmera, ao lado de seus números alucinógenos tentando hipnotizar aqueles cansados demais para perceber o truque.
Continuo dirigindo e os cartazes continuam passando velozes ao meu lado - claro, essa é apenas uma das perpectivas.
Me questiono como devo me sentir: começo pensando que a poluição visual é tremenda. Esse pensamento desenrola para a indignação de quanto lixo é produzido por esses malditos cartazes!
Penso que deveria ficar indignada com a política, me mobilizar mais...
Mas depois, quase que de repente, percebo que não importa o que eu sinta.
Essa relação entre as pessoas foi criada e está intrínseca ao indivíduo civil ocidental e a democracia representativa parece saciar a necessidade de interação interpessoal da maior parte dos indivíduos, assim como o emprego, a família ou o hobby.
De onde vem a base dessas interações?
Acho que não posso dividir muitos desses pensamentos... Melhor. Acho que não devo. Ainda não os sei expressar suficientemente para ser compreendida.
E acho que nunca saberei.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Encantos
Às vezes acho que o amor tem que ter o seu quê de imaginativo...
Não apenas no sexo picante que arde na fantasia, mas também nas ilusões infantilizadas do amor...
Imaginar que ele foi à festa sem a namorada apenas porque você chamou, por exemplo... Mesmo que no fundo você saiba que não tem nada a ver, o ego se alimenta dessas pequenas ilusões...
Um amor de 10 anos que se reencontra, uma pessoa linda que te sorri...
Passagens mágicas que encantam.
Entretanto, mais encantador ainda é ver essas ilusões se tornarem reais.
O primeiro beijo, o primeiro sussurro...
E depois... um amor.
Não apenas no sexo picante que arde na fantasia, mas também nas ilusões infantilizadas do amor...
Imaginar que ele foi à festa sem a namorada apenas porque você chamou, por exemplo... Mesmo que no fundo você saiba que não tem nada a ver, o ego se alimenta dessas pequenas ilusões...
Um amor de 10 anos que se reencontra, uma pessoa linda que te sorri...
Passagens mágicas que encantam.
Entretanto, mais encantador ainda é ver essas ilusões se tornarem reais.
O primeiro beijo, o primeiro sussurro...
E depois... um amor.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Oportunidades...
Somos todos esquizofrênicos. Em maior ou menor grau.
Criamos nosso próprio mundo e a realidade se perde em meio a essa criação.
Criamos as pessoas que estão ao nosso redor - quem as conhece, afinal?
Criamos a nós mesmos!
E criamos nossos sonhos, nosso futuro e o que queremos correr atrás...
Mas sempre existe um ponto em que nos deparamos com a realidade criada por todos os outros...
E acabamos por ter de aceitá-la...
Me perdoe por não querer seguir o sonho pequeno burguês da casa própria e família almoçando junta...
Não posso aceitar essa minha realidade...
Mas, nos becos sem saída, é que a criatividade e inteligência devem se destacar...
Sim, será mais difícil para mim que é para os outros...
Mas eu consigo. Não porque seja capaz, mas porque preciso.
Preciso sair da minha masmorra de realidade virtual.
Talvez seja apenas mimada. Talvez não.
Sem paciência para esse mundo dos outros que foi forçado a mim, acabo querendo me afastar.
Preciso estudar, preciso trabalhar.
E preciso dos meus amigos, ah!, como preciso.
Eles são minha conexão com minha própria sanidade, embora não pareça.
Queria apenas ter as oportunidades.
Mas já que não as tenho, terei que criá-las.
Logo após esse cigarro. Tenha um bom dia.
Criamos nosso próprio mundo e a realidade se perde em meio a essa criação.
Criamos as pessoas que estão ao nosso redor - quem as conhece, afinal?
Criamos a nós mesmos!
E criamos nossos sonhos, nosso futuro e o que queremos correr atrás...
Mas sempre existe um ponto em que nos deparamos com a realidade criada por todos os outros...
E acabamos por ter de aceitá-la...
Me perdoe por não querer seguir o sonho pequeno burguês da casa própria e família almoçando junta...
Não posso aceitar essa minha realidade...
Mas, nos becos sem saída, é que a criatividade e inteligência devem se destacar...
Sim, será mais difícil para mim que é para os outros...
Mas eu consigo. Não porque seja capaz, mas porque preciso.
Preciso sair da minha masmorra de realidade virtual.
Talvez seja apenas mimada. Talvez não.
Sem paciência para esse mundo dos outros que foi forçado a mim, acabo querendo me afastar.
Preciso estudar, preciso trabalhar.
E preciso dos meus amigos, ah!, como preciso.
Eles são minha conexão com minha própria sanidade, embora não pareça.
Queria apenas ter as oportunidades.
Mas já que não as tenho, terei que criá-las.
Logo após esse cigarro. Tenha um bom dia.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Porões
Chego naquele sala escura e esfumaçada. Seu cheiro obscuro me fecha as narina enquanto procuro um cigarro no bolso.
Todos estão sentados no chão. Sento-me e peço fogo. As conversas paralelas começam a invadir minha mente enquanto acendo meu cigarro.
Todos falam muito. Todos falam alto. Todos querem ter razão.
Eu costumava falar. Agora não mais. De que adiantaria?
Ninguém se escuta nessa onda incessante de monólogos.
Ninguém se agrupa, ninguém se compreende.
Como um antropólogo, observo.
Observo como se nunca fizesse isso e caio no absurdo.
Já não interessa mais.
Já não ME interessa mais.
Todos estão sentados no chão. Sento-me e peço fogo. As conversas paralelas começam a invadir minha mente enquanto acendo meu cigarro.
Todos falam muito. Todos falam alto. Todos querem ter razão.
Eu costumava falar. Agora não mais. De que adiantaria?
Ninguém se escuta nessa onda incessante de monólogos.
Ninguém se agrupa, ninguém se compreende.
Como um antropólogo, observo.
Observo como se nunca fizesse isso e caio no absurdo.
Já não interessa mais.
Já não ME interessa mais.
domingo, 1 de agosto de 2010
Despedida
Acordo com sono, acordo com fome.
Me viro e você dorme tranquilamente. Acendo um cigarro.
Sento-me na cama e encaro aquele corpo suado e nu ao meu lado.
Com calma, percebo que o corpo está imóvel. Uma sensação de pânico toma meu estômago e se espalha, subindo pelo meu corpo.
Verifico se respira, lentamente. Sim, o corpo ainda suspira.
Levanto-me. É hora de me vestir.
Me viro e você dorme tranquilamente. Acendo um cigarro.
Sento-me na cama e encaro aquele corpo suado e nu ao meu lado.
Com calma, percebo que o corpo está imóvel. Uma sensação de pânico toma meu estômago e se espalha, subindo pelo meu corpo.
Verifico se respira, lentamente. Sim, o corpo ainda suspira.
Levanto-me. É hora de me vestir.
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Inspiro você Por que não me espias? Espio você Por que não me copias?
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inteligência >>>> capacidade de reconhecer padrões