Os ponteiros
giram mais rápido, como se o tic-tac do relógio acompanhasse os corações
acelerados. Respiração cada vez mais intensa à medida que as mãos se aproximam
do toque tão antecipado pelos batimentos que bombeavam energia por todo corpo.
Longe de ser a primeira vez, tantos anos se passaram, mas nem mesmo os dias
conseguiram desacelerar os corações apaixonados, abafar os risos soltos,
diminuir o prazer do abraço da pele; agora, uma só.
O vento que
bate na janela anuncia a chegada da chuva dos amantes; aquele empurrão cósmico
para tentar desacelerar o momento que parece escorregar por entre os ponteiros,
tentando ajudar a congelar, mesmo que por alguns instantes, o amor em sua forma
mais pura, prestes a se mostrar cru.
Nada mudou,
mas tudo mudou. Tantos anos se passaram e eles ainda estavam lá, diferentes,
mas ainda iguais. Apegados ao que de mais belo conheceram, semeando uma
felicidade simples e completa que não inspiraria nenhum poeta. Mas os melhores
romances não são narrados, não precisam ser embelezados com as palavras do
poeta. A sua perfeição só faz uma exigência: os melhores romances devem ser
vividos.
Romeu e
Julieta não viveram seu amor como Sartre e Simone. Na simplicidade da paixão
que faz os apaixonados se encontrarem como personas num mundo tão caótico não
há tempo. As regras se vão como linhas desenhadas no papel, pois a realidade é
outra: de tão profunda, todo o mais parece virtual.
[Você é minha
realidade. Ontem, agora, sempre.
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