Consciência

1998. São Paulo. Avenida Pinheiros. 22h00.

Ainda era uma criança, mas minha curiosidade há anos aumentava como minha altura. Lembro-me, particularmente bem, do dia que tomei consciência de mim mesma.

1998. São Paulo. Avenida Pinheiros. 22h00:  Data, Local e Hora. Com minhas mãos pequenas, frias pela temperatura do ar, toco a maçaneta do carro. Sou tomada por uma estranha sensação de consciência: aquela mão é minha; MINHA.

Parece piada, muitos rirão. Mas nunca senti sensação mais estranha do que a epifania de me reconhecer como eu mesma; não sou o outro, tampouco ele sou eu.

As experiências que vivi são minhas. Os pensamentos que me assolam, meus. Os interesses que regem parte de minhas escolhas, frutos desse ser que se reconhece como o "eu".

"Quem sou eu" já era uma pergunta complexa, a partir desse momento, passou a ser A pergunta mais complexa que tento responder. Para muitos, existe uma resposta óbvia. Mas será tão óbvia assim?

Não sou o que sou pela referência ao outro - poderia ser; não sou o que sou pelo meu gosto - poderia ser; não sou o que sou pelas minhas escolhas - poderia ser. Sou e não sou potência.

Talvez da dualidade e da dificuldade de me definir e me enquadrar tenha tirado um aspecto mutante, metamorfo. Talvez opte pela vida nômade, pela contradição de escrúpulos, pelas morais falidas.

1998. São Paulo. Avenida Pinheiros. 22h00: Data, Local e Hora que me mudaram para sempre.

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